(Re)construção

Fechei a sua conversa pela última vez, pensava eu. Liguei uma música do tempo que ainda não te conhecia. Abri as opções de filmes de um tempo em que não perdia o foco por estar preocupada demais com coisas que você me fazia sentir. Tinha tudo para ser um momento melancólico e triste no maior estilo cena de filme – só faltava o pote de sorvete. Queria que todas as minhas responsabilidades sumissem por algumas horas. Não gostaria de ter tantas coisas que dependessem de mim, quando eu mal tinha tempo para lidar com o que se passava por dentro.

Por um momento, respirei aliviada e me senti em uma época da qual a única preocupação era não me perder na quantidade de séries que assistia. Aquela em que caso algo muito ruim estivesse acontecendo minha mãe perceberia e me daria um abraço sem dizer nada. Não precisava. Na qual eu podia tirar um tempo de tudo só para cuidar de mim mesma. Eu não precisava passar na padaria pegar qualquer bobeira, que me faria mal depois, por simples desânimo em cozinhar alguma coisa. A comida sempre estava prontinha na mesa.

Isso de ser adulto, ter que arcar com tudo ao mesmo tempo, chega a ser um pouco desesperador. Por mais que eu saiba que não é o fim do mundo e que eu não carrego nem metade do peso que muitas outras pessoas… Equilíbrio emocional nunca foi o meu forte, admito. Mas não posso pedir para a vida parar de novo, só para eu conseguir remendar as coisas por aqui.

Crescer é entender que a gente pode (e deve) ser forte, mesmo com o barranco desmoronando, com a casa virando e ter que reconstruir tudo do zero.

Nem que essa construção tenha que ser de quem nós somos.

Nayara Rosolen

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