Hoje eu estava assistindo ao jornal e na chamada a âncora (maravilhosa) anunciou a data de hoje (08/março) como Dia Internacional de Luta Pelos Direitos da Mulher. Eu achei incrível. É assim que essa data deve ser vista.
Difícil celebrar um dia em que a violência contra a mulher ainda é muito banalizada. Ruim comemorar a data ouvindo a vizinha ser humilhada pelo marido quase todos os dias, e saber que no dia de hoje ele levará flores para ela.
Impossível achar que nossos direitos são “assegurados pela constituição” com tantos casos de feminicídio, violência física, moral, psicológica acontecendo com tantas outras mulheres por aí, e a sociedade as culpando por isso.
A violência contra a mulher está tão presente na nossa rotina, tão banalizada, que muitas vezes não nos damos conta e consideramos só mais um aborrecimento corriqueiro. Quero te dizer o seguinte: se te magoou, te machucou, te fez repensar sua sanidade mental, se pareceu uma brincadeira um pouco mais forte, é violência. Pule fora, denuncie, se livre disso o quanto antes. Infelizmente a romantização de relacionamentos abusivos e violentos, colocando a mulher como a única responsável por salvar casamentos/namoros tem matado muitas amigas nossas por aí, por acharem que conseguirão mudar seus parceiros.
A Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica.
Segue uma lista de 10 tipos de abusos classificados como violência doméstica, que devem ser denunciadas e são passíveis de punição:
1: Humilhar, xingar e diminuir a autoestima
Agressões como humilhação, desvalorização moral ou deboche público em relação a mulher constam como tipos de violência emocional.
2: Tirar a liberdade de crença
Um homem não pode restringir a ação, a decisão ou a crença de uma mulher. Isso também é considerado como uma forma de violência psicológica.
3: Fazer a mulher achar que está ficando louca
Há inclusive um nome para isso: o gaslighting. Uma forma de abuso mental que consiste em distorcer os fatos e omitir situações para deixar a vítima em dúvida sobre a sua memória e sanidade.
4: Controlar e oprimir a mulher
Aqui o que conta é o comportamento obsessivo do homem sobre a mulher, como querer controlar o que ela faz, não deixá-la sair, isolar sua família e amigos ou procurar mensagens no celular ou e-mail.
5: Expor a vida íntima
Falar sobre a vida do casal para outros é considerado uma forma de violência moral, como por exemplo vazar fotos íntimas nas redes sociais como forma de vingança.
6: Atirar objetos, sacudir e apertar os braços
Nem toda violência física é o espancamento. São considerados também como abuso físico a tentativa de arremessar objetos, com a intenção de machucar, sacudir e segurar com força uma mulher.
7: Forçar atos sexuais desconfortáveis
Não é só forçar o sexo que consta como violência sexual. Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, como a realização de fetiches, também é violência.
8: Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar
O ato de impedir uma mulher de usar métodos contraceptivos, como a pílula do dia seguinte ou o anticoncepcional, é considerado uma prática da violência sexual. Da mesma forma, obrigar uma mulher a abortar também é outra forma de abuso.
9: Controlar o dinheiro ou reter documentos
Se o homem tenta controlar, guardar ou tirar o dinheiro de uma mulher contra a sua vontade, assim como guardar documentos pessoais da mulher, isso é considerado uma forma de violência patrimonial.
10: Quebrar objetos da mulher
Outra forma de violência ao patrimônio da mulher é causar danos de propósito a objetos dela, ou objetos que ela goste.
Espero, de verdade, ter motivos no futuro para comemorar essa data, com conquistas reais para nós mulheres. Por enquanto, pra mim, dia 08 de março é dia de LUTA.
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Vem ver o meu post de hoje no 7SeasonsBlog.
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Oi Helen,
Tudo certo?
Estava pesquisando material para um texto pro dia da mulher e me deparei com escritos da filósofa Simone de Beauvoir. Fiquei encantado com a inteligência desta, que foi umas das fundadoras do movimento feminista pelo mundo. Ela disse em dado momento que “as mudanças pelas quais lutara não se realizariam durante a sua vida. “Talvez daqui a quatro gerações.” Isso em 1976. Hoje, estamos aproximadamente na metade do tempo projeto por Simone. Será que poderíamos falar de evolução?
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Olá Ricardo! Você aqui!!
Cara, acho um pouco difícil falar de evolução, sabe. Os direitos conquistados ainda são muito manipulados… mulheres podem votar, mas são minoria na política; trabalham, mas são menosprezadas qto sua capacidade técnica em atividades majoritariamente masculinas; usam as roupas que quiserem, mas correm risco de serem assediadas ou violentadas pq ‘com essa roupa, o que ela queria’?. Infelizmente eu ficaria um tempo aqui listando coisas…
A evolução que vejo hoje é que, com o recente boom do feminismo nas redes sociais, as mulheres tem de unido mais. Muitas tem encontrado rede de apoio na internet (meu caso com a maternidade), e isso é muito bom.
Fora isso, a mudança é muito lenta e precisa de muito mais força e união, dedicação e educação da geração que vem chegando aí.
Muitoooo obrigada pelo seu comentário, foi bacana responder. Bjinho.
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